Porque Tudo Muda...

sábado, 4 de dezembro de 2010

Falando superficialmente sobre os movimentos de independência na América Latina...


Oi pessoal, depois de um tempo afastado estou aqui mais uma vez reunido com vocês, retornando as postagens continuarei com algumas séries que venho desenvolvendo como Você conhece a Bahia? além de notícias diversas de Salvador e Feira de Santana, principalmente ligados as querelas urbano-sociais que este municípios enfrentam e sem dúvida dividindo um pouco de conhecimento histórico sobre tempos e espaços diversos de nossa História e Memória! Desejo a tod@s uma boa leitura sobre o que segue, apenas coisas superficiais para a reflexão acerca dos movimentos de independência na América Latina. Abraço‼

Os movimentos de independência ocorridos na América Latina, sobretudo no início do século XIX, foram marcados em sua maioria por conflitos violentos que levaram a fragmentação de quase toda a América Espanhola. O sentimento de separação foi surgindo ao longo do tempo nestas colônias, a motivação para que se eclodissem vários movimentos separatistas têm haver com o que vinha acontecendo nos países da Europa daquela época: Revolução Industrial, Revolução Francesa, supremacia inglesa no comércio, Bloqueio Continental, etc.
Falando um pouco sobre a Europa, durante o século XVIII a Inglaterra e logo em seguida a França passaram por um fenômeno que ficou conhecido de Revolução Industrial, que representou um aumento na produção de manufaturas com a inclusão de máquinas a vapor. O principal tipo de indústria que logo se desenvolveu foi a têxtil. Processo originalmente surgido na Inglaterra, logo se espalhou pelos países vizinhos, sendo a França a principal concorrente dos produtos ingleses. Contudo, a Inglaterra possuía diversos acordos de comércio exclusivo com países do continente europeu e conseqüentemente suas colônias e isso incomodava os interesses franceses, deste modo, após a Revolução Francesa, que derrubou a monarquia absolutista e ascendeu a burguesia industrial ao poder, Napoleão Bonaparte se tornou imperador e decretou o Bloqueio Continental.
O Bloqueio Continental consistiu em uma tentativa de Napoleão barrar o comércio dos países europeus com a Inglaterra. De que forma ele tentou isso? Vale lembrar que a Inglaterra é uma ilha, e seu desenvolvimento para o comércio se deu juntamente com o desenvolvimento de navegação, quer seja comercial ou de guerra, recebendo até o apelido de Invencível Armada. Posto isso, Napoleão, que possuía o exército mais poderoso, declarou que aqueles países que mantivessem o comércio com os ingleses seriam invadidos.

Ora, os países da península ibérica (Portugal e Espanha) há muito já tinham acordos com a Inglaterra, navios ingleses transitavam por entre suas colônias, as manufaturas inglesas já faziam parte do cotidiano de europeus e americanos. Um desses acordos, por exemplo, é o tratado de Methuen, onde Portugal declarava somente importar da Inglaterra as manufaturas que precisasse, enquanto o Estado inglês somente compraria vinhos produzidos por Portugal. Assim, nenhum dos dois países seguiu a determinação napoleônica e os franceses atacaram os países ibéricos. A Espanha teve seu rei Fernando VII posto em cativeiro e Portugal que seria o próximo alvo de Napoleão, por uma decisão do príncipe regente D. João, "fugiu" com a corte para sua colônia americana, o Brasil.

Estes fatos mexeram com os desejos e ânimos dos indivíduos na América, vale salientar que dois países já havia se tornado independente, os Estados Unidos em 1776 e o Haiti em 1791. Somando estes fatores, especificamente nos países de colonização espanhola não aceitaram as determinações de Napoleão. Quando convocada as Cortes em Cádiz, os americanos já tinham um sentimento de pertencimento à nação espanhola, assim, queriam ter participação igual nos processos decisórios nas Cortes. Dentre outras reivindicações estavam a inclusão das castas no censo e na participação eleitoral e autonomia administrativa para as diversas províncias da América. Mas detiveram-se a primeira questão. Os parlamentares americanos até conseguiram uma maior participação nas Cortes, contudo não alcançaram a paridade tanto almejada.
Daí decorreu diversos debates, mas a unidade entre a Nação espanhola e as colônias americanas não chegou a um denominador comum e diversas unidades administrativas se declararam independentes. Sobre estes processos ainda vale ressaltar que as províncias e vice-reinos tinham posturas internas diversas. Enquanto em algumas o sentimento da existência de uma nação fora exaltado, em conflito com o ser espanhol, surgindo assim um novo país. Havia uma camada da elite conhecida como realistas que pensavam em declarar a independência somente das Cortes de Cádiz, mas esperava que quando o rei Fernando VII voltasse ao trono as coisas voltassem ao seu lugar de origem, exceto pela condição de que já não deviam mais ser considerados como simplesmente colonos, mas como cidadãos da Espanha. Assim, após os conflitos políticos e batalhas com os defensores da permanência da ligação com a Espanha, surgiram diversos conflitos internos pela disputa do poder nos países recém-criados.

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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Há quanto tempo...

Há quanto tempo não tenho postado aqui... Confesso que andei deixando de lado as minhas postagens por aqui, mas não é por descaso não. O tempo não tem me dado tempo para ter tempo de vir aqui, tenho acompanhado as visitas e tenho visto que tem se mantido na média, fico feliz por isso. Tenho produzido algumas anotações sobre temas históricos variados e que em breve postarei por aqui, pretendo trazer novidades também no layout logo em breve, tendo vista que "Tudo muda" não é mesmo.

Só vos peço que continuem vindo aqui sempre que precisarem, comentem sempre que acharem necessário e mais um pouco de paciência, pois em breve estarei mais uma vez tentando demonstrar "Porque tudo muda..."

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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Anotações sobre o Candomblé...[3] (O culto e os orixás)

O culto tem importante papel no relacionamento entre orixá e membro. Ele faz com que o fiel tenha uma intimidade direta com seu orixá, colocando seu corpo à disposição do orixá. Assim a divindade tem a oportunidade de participar do Aye (do mundo dos homens).

É através do Axé que o culto é conduzido, há um dar e receber mútuo, por meio do Axé que é patrocinada a dinâmica e a continuidade da vida. Os orixás são mediadores e doadores desta força. Entretanto, os orixás que não têm mais filhos, não podem tomar lugar juntos aos fiéis, não podem dar o Axé e nem receber oferendas.
O culto reviva todo o processo de existência, acontece através de diversos ritos. Onde cada fiel tem obrigações para com seu orixá, esta relação exige determinadas atitudes e comportamentos, uma forma de vida compatível ao orixá e a realização de diversos ritos individuais.
O culto comum e público é marcado por determinada estrutura, inicia-se com uma matança, um animal é sacrificado para o orixá, o animal e a forma do sacrifício dependem do orixá. A cerimônia aberta e pública do culto começa depois do cair do sol e entra pela noite adentro, o rito inicia-se com uma celebração a Exu, que é o mensageiro dos orixás.
Cada orixá tem sua música e dança próprios, os orixás são chamados progressivamente e vêm na ordem em que são chamados, no momento da chegada do orixá, o fiel entra em transe. É neste momento que os orixás podem fazer revelações ou aconselhar seus filhos.
Depois do momento de êxtase, os orixás são despachados uma a um e por último acontece uma refeição, onde tomam parte todas as pessoas que estavam presente no culto. Parte das oferendas que estavam nos Pegis são distribuídas entre os presentes.


"Este último gesto de um culto mostra claramente sua função na vida dos fiéis: a fortificação do relacionamento e da unidade entre pessoas e orixás, entre o Orum e o Aiye. No culto, esta unidade é apresentada como uma realidade já existente, mesmo que ainda não completa, nem permanente. O culto é, por isso, não apenas um ato de piedade, mas acima de tudo um sinal de garantia do equilíbrio da ordem universal, através do qual são buscadas a dinâmica e a continuidade da existência". (BERKEMBROCK, 1998)
Os orixás são forças ou entidades não físicas, que controlam e regulam tanto os acontecimentos cósmicos como os fenômenos naturais, que determinam tanto a vida social, como individual das pessoas.
Na tradição africana dos Yourubás, os orixás eram classificados em dois grupos: os orixás da direita (masculinos) e os da esquerda (femininos).
O número de orixás cultuados pelos yourubás na África é significativamente maior que o número cultuado no Brasil.
É no relacionamento que o orixá se dá a conhecer. Eles são relacionados com animais, cores, metais, velam sobre o mar, a água doce, sobre as plantas ou a terra; sobre o vento, a tempestade e o raio, igualmente atividades humanas como o caçar, o pescar, o guerrear ou o trabalhar o metal.

Os orixás:






  1. Exu – orixá da comunicação. Mensageiro dos outros orixás. Cor: vermelho e preto. Sincretismo: Diabo (por possibilitar muitas vezes, a desgraça, o azar).
  2. Iemanjá – orixá feminino da água salgada e do mar. Mãe de todos os orixás. Cor: azul claro, rosa. Sincretismo: Nossa Senhora da Conceição; Nossa Senhora das Candeias.
  3. Xangô – orixá masculino do fogo, do trovão, da guerra e da justiça. Cor: vermelho e branco ou só vermelho. Sincretismo: São Jerônimo e São João Batista.
  4. Oyá (Iansã) – orixá feminino do vento. Primeira esposa de Xangô. Cor: vermelho ou branco ou só vermelho. Sincretismo: Santa Bárbara.
  5. Oxum – orixá dos rios e das fontes de água doce, também da fertilidade e da reprodução. Segunda esposa de Xangô. Cor do ouro (amarelo) ou vermelho. Nossa Senhora Aparecida.
  6. 0bá – orixá feminino das águas. Terceira esposa de Xangô. Cor: vermelho. Sincretismo: Joana D'arc.
  7. Ogum – orixá do Ferro, da mata e da guerra. Cor: Azul. Sincretismo: Santo Antônio.
  8. Oxóssi: orixá da caça. Cor: verde e amarelo. Sincretismo: São Jorge e São Miguel Arcanjo.
  9. Omalu ou Obaluayê: orixá da dança e da cura. Cor: preto e branco. Sincretismo: São Roque, São Benedito e São Lázaro.
  10. Nanã – orixá feminino da lama e do barro. Cor: Roxo. Sincretismo: Santa Ana.
  11. Oxumaré – orixá do arco-íris. Cor: as sete cores do arco-íris. Sincretismo: São Bartolomeu.
  12. Ibeji – orixás gêmeos. É o orixás das Crianças. Cor: azul. Sincretismo: São Cosme e Damião.
  13. Oxalá – orixá da origem e da criação. Cor: branca. Sincretismo: Jesus Cristo (especialmente o Senhor do Bonfim)

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domingo, 26 de setembro de 2010

Você conhece a Bahia?

Eis Livramento de Nossa Senhora:

Fundação 1715

Gentílico: livramentense

Distância até a capital: 658 km

Área: 2.267,021 km²

População: 44.568 hab.

Densidade: 18,0 hab./km²

Altitude: 500m


Bônus


Wikipedia, skyscrapercity

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sábado, 25 de setembro de 2010

DEZ NOVAS INDÚSTRIAS SERÃO INSTALADAS EM FEIRA DE SANTANA


Dez novas indústrias estarão se instalando em Feira de Santana nos próximos meses, segundo anunciou o diretor do Centro Industrial do Subaé (CIS), José Mercês Neto. As que estão se instalando do CIS são dos mais diversos segmentos, que pretendem investir de R$ 150 mil a R$ 30 milhões, oferecendo milhares de empregos diretos e indiretos. A maior delas, a CP Indústria e Comércio de Móveis, de Pernambuco, irá se instalar no CIS oferecendo cerca de 600 empregos diretos, com possibilidade de gerar mais 1.200 diretos.

Segundo Mercês, com base no novo procedimento da Autarquia, os processos para instalação de novas empresas são analisados e deferidos ou não pelo Conselho de Administração, formado por 10 conselheiros. Então, analisando dez requerimentos de empresas querendo se instalar no CIS, todos os 10 foram aprovados. Segundo o diretor, o Município está esgotando suas áreas industriais e depende de decisão da Prefeitura para delimitar novas áreas.

Algumas destas indústrias, segundo Mercês, já existem em Feira de Santana, mas, estão fora do núcleo industrial e agora estão se relocando para áreas apropriadas às suas atividades. Entre elas estão a Alumínio Fortbrilho, Ecofeira, Indústria e Comércio de Reciclagem, Super Kid's e Firmino Artefatos de Cimento.

A Stambord, Indústria e Comércio de Artefatos de Borracha, por exemplo, é uma indústria feirense, associada à Star Pneus, que trabalha com pneus rígidos, e que vai reciclar resíduos de borracha oriundos de indústrias locais como Pirelli, Vipal e a Watt, entre outras. Segundo José Mercês, na verdade, foram 11 empresas aprovadas pelo Conselho Administrativo, mas uma delas, a Fototex, solicitou a retirada da sua solicitação.

Érica de Sá


http://www.bahiaeconomica.com.br/201..._NOTICIA=13149

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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Falando superficialmente sobre a Independência do Brasil... [2]

Outros autores como Capistrano de Abreu e Manoel Bonfim tratam da colonização como, "males de origem", expressão do próprio Bonfim. Capistrano não faz uma História da Indepenncia, mas sua obra, inovadora por tratar das questões econômicas como formadoras da nacionalidade, aponta que o brasileiro a ser estudado é aquele onde justamente a administração do estado não chegou como menos força, ou seja, o sertanejo. Para ele, o brasileiro do litoral ainda tinha muitas marcas lusitanas, não era autêntico, marcas que permaneceram após a independência, devido a continuidade dos "braganças" no poder. Este fato também para Manoel Bonfim era o que levava a nação brasileira ao não progresso e, portanto estas "raízes ibéricas", expressão de outro autor anti-lusitano, Sérgio Buarque de Holanda, deveriam ser execradas.

Falando nesta permanência dos "braganças" no poder, não se pode deixar de realçar o papel das elites políticas brasileira, José Murilo de Carvalho em duas de suas obras lança argumentos para defender a elite política colonial como principal mentora e mantenedora da construção do estado brasileiro, sua unidade e sua centralização políticas. Autores como Oliveira Vianna falam que a colônia portuguesa da América até o século XVIII tinha grande descentralização político-administrativa, os senhores de terras é que mandavam em suas localidades, inclusive desde o início do processo de colonização, porções de terras foram doadas a capitães donatários, fragmentando o espaço territorial. Portanto, como é que uma grande porção territorial, fragmentada político-administrativamente, com grandes áreas despovoadas conseguiu ao criar seu Estado se manter unido?

O. Viana, Maria Odila e o próprio José Murilo indicam algumas características. Com a descoberta das minas auríferas no início do século XVIII em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, a Metrópole passou cada vez mais a imprimir seu controle fiscal e subseqüentemente administrativo, esse maior controle da metrópole a colônia, centralizando os poderes nos presidentes da província, vinculados diretamente ao governador-geral no Rio de Janeiro deu início ao processo de centralização política e que foi assegurado no Império, sobretudo no reinado de D. Pedro II. Maria Odila cita ainda a interiorização da metrópole como fator agregador nacional, ou seja, com a vinda da família real, a metrópole se interiorizou no Brasil. A corte instalada no Rio de Janeiro adquiria terras no interior e muitos fazendeiros do interior foram para a capital, para estarem junto do rei, na corte e que sabe até adquirir um título nobiliárquico, prática comum durante toda a monarquia brasileira. Além destes elementos citados, José Murilo de Carvalho ressalta a escravidão como um dos principais elementos de unificação e coesão territorial. O Brasil sendo uma sociedade escravocrata tinha no mercado de escravos importante fonte de renda para muitos senhores, e ainda a quase única fonte de mão-de-obra. Membros da elite na época da independência até possuíam desejos abolicionistas, como por exemplo, José Bonifácio, contudo para essa elite o mais importante era a criação de um Estado forte, que mantivesse o território unido e que fosse capaz de bem administrar as províncias, assim a abolição da escravidão ou até mesmo a criação da República como alguns grupos defendiam se tornaram sinônimo de perigo, no caso do fim da escravidão, senhores de terras poderiam ocasionar revoltas locais, bem como o fato de ocorrer a República, os poderes locais poderiam se exaltar criando dificuldade na administração e até mesmo uma guerra civil, deste modo, a opção decidida, por parecer mais segura, foi um estado monarquista constituinte, com um monarca com poder moderador e que mantivesse a escravidão, base de todo o período monárquico que se seguiu.

Apesar de um período de turbulência no período regencial, caracterizado por forte descentralização política, o regime imperial se consolidou no reinado de D. Pedro II, onde alternavam no poder, liberais e conservadores, que na verdade realizava a política do imperador, período de grande liberdade de imprensa, fomento às ciências no Brasil e de elevação do espírito patriótico, sobretudo após a guerra do Paraguai, que, aliás, é deste período em diante que o império começa a ruir. Consolidada a unidade, a monarquia passou a ser vistas como atravancadora do progresso, os grupos abolicionistas exigiam o fim da escravidão, processo iniciado ainda na década de 1860, a República surge de novo como proposta, como sinônimo de progresso, saída para a estagnação brasileira. Este processo foi liderado justamente pelos militares que retornavam da Guerra do Paraguai. Depois de arranjos políticos, a escravidão ter sido abolida em 1888, o Império não conseguiu mais se manter e a República foi proclamada em 15 de novembro de 1889 destituindo o poder monárquico no Brasil.

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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Falando superficialmente sobre a Independência do Brasil... [1]

As margens do riacho Ipiranga o príncipe regente bradou: Independência ou Morte! Esta imagem ainda é símbolo da independência do Brasil, entretanto, ela não foi ícone do 7 de setembro desde o início. Noé Freire em A invenção da nação salienta que as simbologias do marco de independência, como o próprio 07 de setembro, foram forjados ao longo das primeiras décadas do império. O grito do príncipe regente, o cavalo, a data, o sentimento de D. Pedro fora o grande responsável pela libertação nacional foram construídos principalmente por uma historiografia cujos autores estavam atrelados ao regime monárquico, seja como funcionários deste, como foi o caso do IHGB (Instituto Histórico e Geográfico do Brasil) ou também como simpatizantes da monarquia.


Um dos primeiros escritos que aparece sobre o processo de separação de Portugal é de 1827, encomendado pelo próprio imperador D. Pedro I. Este relato serviu de base para as outras produções subseqüentes que trataram do movimento de independência brasileira, desde então, o 07 de setembro ganhou projeção como baliza na fundação do estado independente brasileiro. José Francisco Adolfo de Varnhagen e Oliveira Lima foram autores que defenderam a monarquia e admitiam a independência como um sentido natural do desenvolvimento da colônia. Varnhagen, que escreveu em 1850, foi o primeiro a elaborar uma história geral do Brasil, grande simpatizante da monarquia e do imperador e diplomata brasileiro no exterior, escreveu sua obra afirmando que a colonização lusa fora benéfica às terras brasileiras e que a separação política se deu no momento em que o Brasil como colônia já não admitia estar sob o jugo português. Vale ressaltar que no momento da independência, o Brasil já era Reino Unido a Portugal.




Oliveira Lima, que também foi diplomata no exterior, elaborou sua obra no contexto do primeiro centenário da independência, portanto, em meio à república, proclamada há pouco mais de duas décadas, Lima faz um elogio à monarquia brasileira denominando-a de "democracia coroada" sendo ela mesma responsável pela emergência do estado de república, ainda segundo Lima, a monarquia e sua independência foram processos pelos quais o Brasil apesar de romper politicamente, manteve as qualidades adquiridos no período da colonização, conseguiu manter seu território unido e coeso e um espírito de ordem e civilização, ao contrário dos países de colonização castelhana, que logo se tornaram repúblicas, no entanto, sempre envolvidas em guerras civis e disputas locais.

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sábado, 14 de agosto de 2010

Anotações sobre o candomblé...[2] (situação histórica e o terreiro)






O candomblé cultua os orixás, deuses das nações africanas de língua Yourubá. Estes deuses são dotados de sentimentos humanos: são extremamente vaidosos e ciumentos.
O candomblé é uma religião genuinamente brasileira, que tem sua matriz na África Ocidental. Esta nova religião começa a Ter origem no Brasil entre os séculos XVI e XIX, com o tráfico dos escravos africanos que foram trazidos para construir a história deste país. O candomblé assim como a umbanda recebeu grande repressão por parte dos colonizadores portugueses, eles consideravam tais religiões como feitiçaria. Segundo alguns estudiosos, é por este fato que começou a surgir o sincretismo religioso, ou seja, para sobreviver as perseguições, os adeptos passaram a associar os orixás aos santos católicos.
O terreiro é o local onde a comunidade se reúne para realizar as atividades do candomblé. É uma parte da África no Brasil. São como ilhas africanas onde todo o universo (Orum e Aye) se reúne. Ali os orixás são convocados e pode ser trocado o Axé e garantida a dinâmica e a continuação da vida.
Os terreiros são unidades completas e fechadas e não existe entre os diversos terreiros nenhum tipo de compromisso, mas pode haver uma relação de amizade.
Na África existem centenas de orixás, mas no Brasil há a penas pouco mais de uma dezena. O terreiro é composto por diversos espaços: há o espaço das pessoas, que é o espaço urbano, civilizado, da ordem. Há o espaço "mato", não civilizado, misterioso, onde estão as plantas sagradas, que representam uma mata africana. Este espaço deveria ser reservado ao Babalossaim (o sacerdote de Ossaim, o orixá das plantas).

No espaço civilizado, quatro tipos de construções devem estar presentes: os Ilê-Orixá, os Ilê-Axé, a casa ou espaço para o culto público e as casas de moradia, que são ocupadas por família de forma permanente ou temporária. Os Ilê-Orixás são os pontos centrais de um terreiro. Ali ficam os assentos dos orixás. Cada orixá tem seu próprio assento e seu Pegi, que é o altar de cada orixá. A casa ou barracão é o maior espaço do terreiro. É o lugar da dança, dos atabaques, da platéia e das pessoas de destaque.
No Pegi estão objetos utilizados na iniciação, quando da fixação de um orixá na cabeça de um iniciado. Diante do Pegi são colocadas oferendas geralmente em forma de alimento. Diante do Pegi, os filhos de um orixá apresentam as oferendas e recebem em troca o Axé, isto é, a dinâmica da vida.
São colocados Pegis para os orixás que tenham filhos naquele terreiro. Exceção feita a Exu, que tem Pegis em todos os terreiros, embora não se fale muito na existência de filhos de Exu. Exu é o orixá mensageiro, o orixá dos caminhos, é quem aplaina s caminhos para os outros orixás, por isso um Pegi para ele em cada terreiro.
No terreiro há também um espaço para os mortos, que fica entre o urbano e o mato. Os mortos são chamados de Eguns e também são objetos de culto. Só através da iniciação, alguém pode ser membro de um terreiro, e este terá de seguir uma rígida disciplina.

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domingo, 8 de agosto de 2010

Algumas igrejas da Cidade da Bahia... [8]

Três belas igrejas...

Igreja de São Joaquim



A Casa Pia e Colégio dos Órfãos de São Joaquim, ex-Noviciado da Anunciada da Jequitaia, está localizada na parte baixa de Salvador, no sopé da Montanha, à margem da avenida que leva à península de Itapagipe. A capela Construção conventual desenvolvida em torno a um imenso claustro. [...] A capela ocupa o meio do "quarto" frontal, partido adotado no Seminário de Belém de Cachoeira (BA) e proposto pelo Pe. S. de Vasconcelos para o Colégio de Salvador em 1654. A igreja apresenta uma solução curiosíssima. O eixo da nave é paralelo à fachada principal. Esta disposição permitiu que o volume da igreja não interferisse no claustro. Separadamente planta e fachada têm como modelo as igrejas matrizes e de irmandade do começo do séc. XVIII, mas reinterpretadas de maneira criativa. Os corredores são substituídos pela galilé e galeria do claustro.


O corpo central da fachada não corresponde à nave com coro elevado da solução tradicional, mas sim à galilé e tribunas superpostas. Ela repete com sucesso a experiência da igreja do Colégio de Jesus ao tentar conciliar a fachada de duas torres com nova fachada romana de frontão clássico ladeado por volutas. Sua fachada como a da Conceição da Praia é flanqueada por corpos de construção à madeira do Convento de Mafra de Ludovice. As janelas com frontões sem entablamento evocam a Lisboa Pombalina, tendência que se faz sentir em outras igrejas que receberam componentes de Lisboa como Conceição da Praia, N. S. do Pilar e, inexplicavelmente a de Santana.



Convento de Nossa Senhora do Desterro


A Igreja e Convento de Nossa Senhora do Desterro situa-se na 2ª linha de colinas do sítio de Salvador, a cavaleiro da Baixa dos Sapateiros. Possui grande área livre que se estende até os fundos das casas da rua da Poeira. As construções que o rodeiam estão bastante descaracterizadas.[...]


Edifício de notável mérito arquitetônico desenvolvido em torno de dois pátios. Foi o primeiro convento de freiras construído no país. Possui no 1º andar bela capela do Santíssimo Crucifixo dos Passos com altar e retábulos do séc. XVIII. A talha e nichos do coro alto são do mesmo período. A igreja foi reformada no séc. XIX quando sua talha primitiva foi substituída por neo-clássica. As imagens de São Francisco e Santa Clara que ficam dos dois lados do altar-mor são de meados do séc. XVIII. Possui na sacristia lavabo rococó com delfins e bacia em forma de concha. Os azulejos da capela-mor são de Ca. 1760; os do Coro Baixo, barrocos, foram encontrados neste século e assentados naquele local; os da torre são de Ca. 1750. O Convento conserva grande quantidade de alfaias, objetos de prata e peças de mobiliário dos séculos XVIII e XIX, azulejos de Lisboa, da época de 1780/90, representando os quatros Evangelistas, os dois doutores da igreja, Coração de Jesus e N. S. das Dores. Forro pintado de autoria de Domingos da Costa Filgueira.




Igreja de Nossa Senhora de Brotas



A Igreja Matriz de Nossa Senhora de Brotas situa-se a igreja no bairro de mesmo nome. Sua vizinhança é formada por pequenas construções sem nenhum caráter arquitetônico. Possui em frente à fachada duas palmeiras imperiais. Edifício de notável mérito arquitetônico. Igreja paroquial de corredores laterais, possuindo galilé. As torres não foram concluídas. Além do altar-mor, possui dois no ângulo do arco cruzeiro e mais dois laterais. As imagens mais importantes da igreja foram transferidas para a Matriz de Nazaré, e as alfaias são pobres.


Planta típica das igrejas matrizes e de irmandade do começo do séc. XVIII, formada por uma nave retangular com corredores laterais, superpostos por tribunas. Não apresenta, porém, sacristia transversal. Esta planta é um desenvolvimento natural do partido em "T", frequente no século XVII, (vide Palma). Esta igreja, porém, apresenta uma galilé com três arcos, superposta por coro, elemento frequente nas igrejas beneditinas e franciscanas, geralmente acompanhada de torre recuada, mas bastante rara em igrejas matrizes ou de irmandade. Uma galilé do mesmo tipo, isto é, flanqueada por torres, existe em S. Bento do Rio de Janeiro. Sua fachada é rococó tardia. O interior exibe altares neo-clássicos.


Fontes: Salvador Cultura Todo Dia, Skyscrapercity.

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